Wednesday, December 16, 2009

Friday, December 11, 2009

+ queimada no Pantanal

Uma foto diz mais que mil palavras. O administrador da fazenda perante a terra queimada. (foto: Arno Caprez)

Queimada no Pantanal

Dias de tensão em outubro de 2009, combatendo uma gigante queimada no Pantanal, pois o fogo havia invadido as terras dos amigos que sempre me hospedam. Foi uma experiência desgastante triste. Vida pantaneira não é fácil. Após todos os fazendeiros pedirem ajuda aos bombeiros de Aquidauana e Campo Grande, mandaram um pequeno grupamento de homens, sem qualquer equipamento para combater o incêndio (os bombeiros nem caminhonetes tinham, estavam a pé). Após alguns dias, os bombeiros desistiram. Não fosse pela união dos fazendeiros, o fogo teria queimado tudo. Eu participei somente alguns dias. Mas os fazendeiros brigaram por quase um mês. E sem ajuda significativa do governo do Mato Grosso do Sul, tão pouco do governo federal. Triste o nosso país. (fotos de Arno Caprez)

Wednesday, December 02, 2009

Fotografia em PB

A fotografia em PB (preto e branco) nunca mais será a mesma. À primeira impressão, evoluiu. É impressionante o que os softwares de manipulação de imagem conseguem fazer na área do PB. O fotógrafo converte a imagem para tons de cinza, porém deixa a matriz colorida por baixo da imagem. Assim, ele consegue manipular cada tonalidade de cinza a partir da cor original. Ou seja: uma árvore verde com uma ave vermelha e o céu azul tem nove combinações básicas possíveis: árvore preta, ave cinza, céu branco – árvore preta, ave branca, céu cinza – árvore branca, ave preta, céu cinza ... e assim por diante. O Photoshop CS4 dá a possibilidade de manipular seis cores em separado: magenta, azul, cyan, verde, amarelo e vermelho. Temos, por tanto, 729 opções básicas de combinações PB, mais uma infinidade de opções de meio-termo. Antes, o fotógrafo tinha a opção de usar um único filtro de cor na captação da imagem, somado a mais alguns recursos na revelação e ampliação. Hoje, é como se o fotógrafo pudesse usar 6 filtros de cor ao mesmo tempo. Sem contar que é possível aplicar esses filtros em separado sobre diversas áreas de uma mesma imagem. E, finalmente, pode-se aplicar qualquer granulação na imagem, quando, antigamente, era uma escolha que precisava ser feita antes de tirar a foto, na hora de escolher o filme. Tudo junto é um ato de covardia, comparado à fotografia tradicional.

O resultado imediato será uma enxurrada de imagens em PB deslumbrantes. Amadores poderão fazer imagens que parecerão fotos da época em que Sebastião Salgado ainda usava filme (sim, o Sebastião Salgado percebeu essa facilidade e mudou para o digital – com toda razão, ou não?). A longo prazo, porém, a situação se complicará. Hoje, o nosso olha está acostumado a admirar imagens em PB que primam pela composição dos cinzas, pois, tradicionalmente, um dos grandes méritos ali está. Quando o nosso olho for bombardeado com milhares de fotografias em PB, todos os dias, que primem pela composição dos cinzas, o olhar crítico começará a dar maior importância a imagem em si. Será uma revolução na fotografia: a facilidade técnica exigirá, a longo prazo, imagens de grande conteúdo. E curiosamente essa revolução nada mais significa que um retorno às origens. O fascínio pela composição de cinzas na imagem é algo recente. Na origem da fotografia, quando o olhar ainda não estava preparado para reconhecer os tons de cinza, tudo o que valia era o conteúdo.

É curioso: evoluímos para chegar à partida. E tal constatação se aplica a toda arte contemporânea, que artistas e os críticos de arte me perdoem. A arte contemporânea nada mais é que um caminho de retorno. É um momento de entender que o conteúdo é infinitamente maior que a obra e os materiais empregados. Refiro-me a mensagem de verdade, a essência da arte, não às falácias de ultimamente. Refiro-me as inspirações verdadeiras, não ao desejo freudiano de reconhecimento. Refiro-me a genialidade, que parece ter se perdido em algum lugar do passado, talvez nos modernos, talvez até antes, talvez de forma progressiva desde Vinci.