Tuesday, August 17, 2010

técnica

vez a vez ouço a pérola de que a técnica tornou-se ultrapassada na fotografia, pois a máquina fotográfica “faz tudo sozinha”. mesmo hoje, fotografando profissionalmente há mais de 15 anos, aprendo técnicas novas que aprimoram minhas imagens. deixar uma foto à mercê de um clique automático é limitar um universo de milhares de opções a algumas poucas...

Saturday, August 07, 2010

a arte e o mercado

A arte e o mercado – uma eterna questão. Há artistas que se defendem com unhas e dentes contra algumas regras do mercado de arte, que consideram uma ingerência em seus trabalhos. Penso diferente, e, as vezes, criticam-me por isso. Sou filho da revolução da liberdade. Nasci em 1975, no Rio de Janeiro, e meu primeiro contato com a política foi o movimento das Diretas Já. Ou seja, minha geração nasceu num movimento de libertação, e a energia primordial que formou minha personalidade foi a de que a liberdade é um fluxo inabalável e vencedor. Nasci derrubando uma ditadura, e, em seguida, vi derrubarem o primeiro presidente eleito a assumir o cargo. Sendo livre e acreditando na liberdade, não crio arte para escapar às regras e afagar uma alma aprisionada num sistema opressor, como fizeram os primogênitos da Arte Contemporânea brasileira. Crio arte para relacionar-me com questões pessoais que são frutos de um mundo livre. A arte deixou de ser um refúgio da opressão, para tornar-se uma referência de equilíbrio, um porto onde posso estabelecer livremente algumas regras, sem ser criticado por isso. Resumindo, a liberdade que busco na arte é a liberdade de poder estabelecer regras pessoais, algo que no mundo de hoje é um sacrilégio, onde, no âmbito pessoal, a única regra é não ter regras – tudo se pode e toda nudez é aplaudida. Retornando, portanto, à relação de minha criação com o mercado de arte, sinto a necessidade de estabelecer regras e diálogos com esse braço que compõem, queira-se ou não, uma faceta considerável do cenário artístico. Gosto de conversar com o bicho-papão; preciso, não sei bem porque, relacionar-me com o que muitos consideram o monstro opressor. Compreendo que o Movimento Contemporâneo tenha repulsa ao mercado, uma vez que o movimento buscava na arte a fuga de qualquer ingerência e censura. Eu, porém, nasci num mundo sem censura, e tenho a necessidade, dentro de meu processo criativo, de dialogar com as regras. Dialogar não significa submeter-se; dialogar significa dialogar.