Thursday, June 30, 2016

você equivocado, eu robô

talvez, um dia desses, compreenderei o que você está afirmando. enquanto isso, continuarei repetindo, maquinalmente, que você está equivocado.

Monday, June 06, 2016

Tunga

Tunga é um daqueles artistas que só será compreendido daqui para frente. impossível decifrá-lo enquanto vivo. a complexidade do conjunto da obra que produziu está hoje além das nossas palavras. analisar uma obra de Tunga é um exercício de constrangimento; é se dar conta de que existem objetos que enxergam a nossa imaturidade.

Sunday, June 05, 2016

Meu querido irmão

Meu querido irmão era diferente. Comia com os dedos, cantava em idioma desconhecido, brincava com besouros, tomava banho de confetes, falava com as fadas, vestia a roupa ao contrário e fazia chá de grama. Meu querido irmão era um encanto de pessoa. Sempre sorridente, consolava a tristeza.

Certo dia uma junta médica decidiu por sua internação. Encheram-no de remédios, disseram que era para combater a doença. Meu querido irmão passou a comer de talheres e parou de cantar. Deixou os besouros de lado, esqueceu-se dos confetes e das fadas. Passou a vestir-se como a gente, que gente é essa, e nunca mais bebeu do chá de grama. Perdeu o sorriso; do consolo fez-se o silêncio.

Não demorou muito e meu querido irmão morreu. Disseram que foi da doença, mas eu sei, que os doentes somos nós.

Friday, June 03, 2016

amor adolescente

O amor costuma ser assunto adulto. Na contramão, eu penso: existe história mais linda de que um amor adolescente? Aquele frio na barriga na espera pelo toque do telefone; a magia de uma simples conversa no pátio escolar; a expectativa do primeiro beijo; se trancar no quarto e ouvir aquela música que não sai da cabeça. O amor adulto constrói um futuro a dois; o amor adolescente é a colorida essência do tudo: é imenso, infinito e atemporal.

Wednesday, June 01, 2016

a menina e o sapo

A menina solitária encontrou um livro colorido na rua. Era a história a Princesa e o Sapo. Depois de ler o livro, sonhou em encontrar um sapo para beijá-lo. Não que quisesse um príncipe, queria alguém especial. Alguém para dividir a vida. Não tinha amigos. A menina queria beijar um sapo, para que ele se transformasse num amigo. Alguém para fazer bolinhos de terra; alguém para rir e para abraçar. Onde a menina morava, não havia lagos nem riachos. Somente bueiros e valas. Durante algumas horas, procurou inutilmente por um sapo, desistiu. Já de noite na cama, abraçou o travesseiro e perguntou ao papai do céu porque era preciso beijar um sapo para conhecer alguém especial.