Tuesday, November 29, 2016

solidão - a moça que chora na janela

Na penumbra da janela, uma moça chora. Desfocados, os olhos molhados buscam algum conforto na rua e só encontram espaços cinzentos. Ela está só, e a solidão causa uma crescente angústia vazia. Mas o que realmente incomoda a moça não é a solidão em si; o que entristece é que ela não consegue pensar em ninguém com quem ela gostaria de dividir aquele vazio. É como se toda alma do mundo vibrasse numa frequência diferente. Por mais doloroso que seja o vazio no peito, a moça o considera demais precioso para dividi-lo com qualquer um. E assim o vazio só aumenta. É um ciclo sem fim aparente: quanto mais o vazio cresce, mais precioso se torna. A boa notícia é que chegará o dia em que o vazio se tornará tão precioso que deixará de ser um vazio, para ser um forte abraço quente no corpo e na alma. E, nesse dia, flores vão brotar nos canteiros das esquinas. A solidão será uma lembrança terna, dum tempo em que a moça não compreendia a própria essência. E haverá espaços para novos mundos, novas conquistas e novos amores.

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