Thursday, August 17, 2017

beijo roubado

Ilhas são portos seguros. Estrelas são desejos inconscientes. Pássaros, a liberdade. Palavras confundem mais que explicam. Um formigar sobe o peito e acaricia o pescoço. O rosto se aquece. Lembranças se iluminam. Um cavalo galopeia pelo vasto infinito, o dia se põe por trás de um monte, uma pena voa pelo transparente. Árvores são o pai, os galhos abraçam. O sol é a mãe: luz e calor. O arco-íris é a beleza da trilha impossível. Quando chove, quero correr de braços abertos por ruas e por becos e bater, encharcado, à sua porta. Ver o seu rosto surpreso ao me ver entregue à tempestade. Talvez lhe roubar um beijo e correr de novo chuva a dentro para longe, sem que nós dois jamais entenderemos o que de fato aconteceu.

Tuesday, August 08, 2017

para nunca mais voltar

Ela costumava dizer tudo o que pensava. Sempre teve muitas opiniões. As pessoas a ouviam com atenção e, na maioria das vezes, concordavam. Ela sentia-se importante. Até que um dia descobriu as suas opiniões equivocadas. Acordou, certa manhã, e pensou todas as ideias ao avesso. Ficou envergonhada por um instante, então sentiu um esquisito estranhar: se ela esteve equivocada, todos que com ela concordavam também se equivocavam. Pensou em conversar com os amigos e explicar que o mundo não era bem assim, mas se reteve na possibilidade de estar novamente enganada. Descobriu que as opiniões são como os passarinhos, que nascem, se desenvolvem e depois batem asa, para nunca mais voltar.